No fim do ano passado, almejei voltar a trabalhar ativamente nesse blog. Minhas perspectivas eram de pegar bolsa de doutorado (havia acabado de garantir vaga na FFLCH-USP) e ter tempo para uma das partes que considero mais importantes da pesquisa - a divulgação e troca de ideias sobre o que pesquisamos.
Infelizmente, a bolsa não veio, o que me fez conciliar trabalho e pesquisa, acumulando leituras com temáticas muito diferentes e que pouco dialogavam. Consegui uma bolsa logo no meio do ano, o que me permitiria voltar a me comunicar por aqui. Mas essa bolsa (nacional) veio ao mesmo tempo de uma outra (internacional) e as burocracias que tive que enfrentar para conciliar ambas acabou tomando grande parte do meu tempo.
Bem, resolvido o impasse, estou há dois meses aqui em Winnipeg, Canadá, como pesquisador visitante da Universidade de Manitoba. Depois de um primeiro mês de adaptação em uma cultura totalmente diferente, voltei a pensar no blog. Mas já pensava em como eu poderia prosseguir com meu blog.
Nessa altura de minha pesquisa, estou tentando entender como jogadores constróem sentido de diferentes jogos, levando em consideração que suas interpretações sempre partem do seu local da cultura (BHABHA, 2003). Mas considerando que isso não quer também dizer que cada um interpreta os jogos do jeito que quer, pois nossos discursos são públicos, coletivos, comunitários e não individuais. E nós nunca estamos fora desses discursos.
O que quero dizer - ainda não entendo muito bem como, mas interpretamos jogos de uma maneira bastante complexa, que envolve, obviamente, relações de poder. Os jogos são, normalmente, produzidos em uma localidade (que se diz global) e jogado em vários outros locais como "universal". É assim que vemos um "The Sims" sendo vendido como "simulador do cotidiano" e não como "simulador do cotidiano de certas famílias suburbanas de classe média dos EUA". Por outro lado, um jogo sobre o Haiti é divulgado com um olhar externo, de fora, de quem o produziu. Vejam que é um jogo que convida a "experimentar" o que é viver na pobreza, localizando-o muito bem como uma cultura alheia. Quais as implicações disso? Não consigo responder, mas é uma de minhas perguntas atuais.
Esse blog surgiu como resultado do modo em que eu pensava jogos no fim do meu mestrado. Vejo que minhas análises, muitas delas, assumem um olhar e uma interpretação "universalista", como se meu modo de jogar fosse o de todos. Esse é um grande problema que foi apontado contra os teóricos do "letramento crítico": não levar em conta a subjetividade de suas próprias críticas e não ver sua intepretação como uma construção como qualquer outra, dando a ela uma posição de "panóptico".
Essa releitura e revisão sobre meu blog não é um desabafo. É uma tentativa de me organizar e entender onde me localizo agora e como posso, enfim, dar continuidade ao trabalho que comecei por aqui.
O trabalho de revisão e crítica de jogos alternativos a que eu me propunha tem sido feito de uma maneira muito inteligente, criativa e apurada pelo meu maior parceiro nessa empreitada, o Janos Biro. Não sei o quanto tenho a acresentar nisso. Vou voltar ao meu trabalho nesse blog, compartilhando ideias e discussões sobre jogos, responsabilidade, ética, mas estou procurando esse novo rumo.
Se alguém tiver boas sugestões, elas serão mais que bem-vindas!
Infelizmente, a bolsa não veio, o que me fez conciliar trabalho e pesquisa, acumulando leituras com temáticas muito diferentes e que pouco dialogavam. Consegui uma bolsa logo no meio do ano, o que me permitiria voltar a me comunicar por aqui. Mas essa bolsa (nacional) veio ao mesmo tempo de uma outra (internacional) e as burocracias que tive que enfrentar para conciliar ambas acabou tomando grande parte do meu tempo.
Bem, resolvido o impasse, estou há dois meses aqui em Winnipeg, Canadá, como pesquisador visitante da Universidade de Manitoba. Depois de um primeiro mês de adaptação em uma cultura totalmente diferente, voltei a pensar no blog. Mas já pensava em como eu poderia prosseguir com meu blog.
Nessa altura de minha pesquisa, estou tentando entender como jogadores constróem sentido de diferentes jogos, levando em consideração que suas interpretações sempre partem do seu local da cultura (BHABHA, 2003). Mas considerando que isso não quer também dizer que cada um interpreta os jogos do jeito que quer, pois nossos discursos são públicos, coletivos, comunitários e não individuais. E nós nunca estamos fora desses discursos.
O que quero dizer - ainda não entendo muito bem como, mas interpretamos jogos de uma maneira bastante complexa, que envolve, obviamente, relações de poder. Os jogos são, normalmente, produzidos em uma localidade (que se diz global) e jogado em vários outros locais como "universal". É assim que vemos um "The Sims" sendo vendido como "simulador do cotidiano" e não como "simulador do cotidiano de certas famílias suburbanas de classe média dos EUA". Por outro lado, um jogo sobre o Haiti é divulgado com um olhar externo, de fora, de quem o produziu. Vejam que é um jogo que convida a "experimentar" o que é viver na pobreza, localizando-o muito bem como uma cultura alheia. Quais as implicações disso? Não consigo responder, mas é uma de minhas perguntas atuais.
Esse blog surgiu como resultado do modo em que eu pensava jogos no fim do meu mestrado. Vejo que minhas análises, muitas delas, assumem um olhar e uma interpretação "universalista", como se meu modo de jogar fosse o de todos. Esse é um grande problema que foi apontado contra os teóricos do "letramento crítico": não levar em conta a subjetividade de suas próprias críticas e não ver sua intepretação como uma construção como qualquer outra, dando a ela uma posição de "panóptico".
Essa releitura e revisão sobre meu blog não é um desabafo. É uma tentativa de me organizar e entender onde me localizo agora e como posso, enfim, dar continuidade ao trabalho que comecei por aqui.
O trabalho de revisão e crítica de jogos alternativos a que eu me propunha tem sido feito de uma maneira muito inteligente, criativa e apurada pelo meu maior parceiro nessa empreitada, o Janos Biro. Não sei o quanto tenho a acresentar nisso. Vou voltar ao meu trabalho nesse blog, compartilhando ideias e discussões sobre jogos, responsabilidade, ética, mas estou procurando esse novo rumo.
Se alguém tiver boas sugestões, elas serão mais que bem-vindas!
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