sexta-feira, 18 de abril de 2008

O "manifesto scratchware", parte II, traduzido

Tive a feliz surpresa de o próprio autor da tradução da primeira parte do Manifesto Scratchware - Janos Biro - comentar aqui no blog e anunciar que já realizou a segunda parte da tradução.

Para quem não acompanhou o post anterior sobre o assunto, o Manifesto é uma jóia rara para a cultura gamer. Primeiro, por conta de ser um importante (além de ser um dos primeiros, quiçá, um dos únicos) registros de modos de se pensar jogos politicamente, frente uma inércia existente na produção de jogos com relação à demanda do mercado. Em segundo, pelo próprio interesse do manifesto (e do site que o hospeda, Home of The Underdogs) em valorizar a criatividade e o trabalho artístico dos jogos, e, ainda, a experimentação, a transformação - postura que coaduna com os princípios desse meu blog.

Agora, além de termos acesso, em português, à primeira parte do manifesto, pode-se conferir (e vale muito a pena) a segunda parte, também já traduzida.

Para "sentirem", de antemão, a postura dos autores do manifesto, segue um pequeno, mas representativo trecho:


"Já pensou porque a Exxon, a Microsfot, a Monsanto e todos os seus amigos fazem tantos comerciais sobre o quanto eles são bons? É porque eles tem que esconder a verdade de nós. Vampiros controlam o mundo, em forma de corporações.
[...]Então a indústria de jogos foi pega por este esquema. A grande quantidade de sangue, quer dizer, capital, que é requerida para fazer um jogo hoje significa que mais e mais grupos pequenos de desenvolvedores são forçados a se juntarem à grandes corporações. Ao mesmo tempo, as condições de trabalho só pioram. Palestras de incentivo e motivação são cada vez mais comuns. Lavagem cerebral para fazer os escravos amarem seus mestres vampiros com cada vez mais dedicação."

4 comentários:

Geovane Tuko Lacerda disse...

Cara, adorei o blog!
Fiquei curioso com a tua dissertação de mestrado!

Estava pensando em fazer um artigo analisando a proposta discursiva do American Army (incluindo o FAQ, que tem uns pontos bem fortes a se analisar). Acho que poderia confluir com algumas idéias que vi no teu blog. :)

Abraço!

www.lardotuko.blogspot.com

Henrique Magnani disse...

Opa! Fico feliz em saber isso Geovane. Espero que você possa vir aqui freqüentemente e brindar esse blog com reflexões sobre jogos, cultura e criticidade... ;)

De fato, o American Army tem uma posição bem delieada discursivamente, e pode ser bacana de explorar. Tento sempre chamar atenção para isso, que há mecanismos particulares nos jogos que devem ser analisados, para compreendermos como é que o jogo argumenta e como pode ser utilizado para veicular ou disseminar discursos específicos. Sou um defensor de toda e qualquer iniciativa nessa área! Espero que tenha sucesso em sua proposta!

Quanto à dissertação: estou esperando apenas a biblioteca homologar para colocar aqui a versão em PDF. É sempre um cuidado que não custa ter...

Abraço!

BRILF disse...

Discordo apenas num ponto Ique, vc diz que "as condições de trabalho só pioram", porém já trabalhei na exxon, minha senhora agora trabalha lá e posso te afirmar que é a melhor empresa que existe pra trabalhar, fácil.

Agora, se for a tal da Cosan (que comprou alguns pedaços da exxon no Brasil), aí já são outros 500.

E se não fosse pela MS eu nao tinha meu 360, o vg mais fodástico do universo! Po Aique :(

No mais, tá bão o brogue, só acho os posts "meio" (inteiro) longos ;x

(Kakks :D)

Henrique Magnani disse...

Grande Kakko!

Que honra você vir comentar aqui! ;)

Bem, vamos por partes - é necessário ficar claro que não sou eu quem digo sobre as condições da Exxon e das demais. É o manifesto que eu cito, que foi traduzido pelo Janos Biro e cujo original pode ser lido, na íntegra, no blog dele (tem o link no post). Tem que ver que é não só é um texto datado, e localizado num contexto internacional (e não brasileiro) mas muito marcado politicamente - vai contra o modo como os jogos estavam se "pasteurizando". Ou, ao menos, contra o modo como incentivavam aqueles que sustentavam essa pasteurização dos jogos.

Quanto ao 360 e outros, lógico, são ótimos consoles, bem desenvolvidos e toda corporação internacional tem esse mérito no desenvolvimento tecnológico. Então, como todo manifesto essa "morte" às empresas é um tanto retórica. Seria, mais ou menos "morte ao procedimento habitual de tais empresas". Isso, somado ao estímulo e fortalecimento de jogos independentes, para que estes - em que se permite ousar mais, ser mais criativo - gerem lucros e possuam investimentos compatíveis à capacidade de seus investidores.

Quanto ao tamanho dos posts, bem... se nem nesse comentário consegui ser sucito, imagine nos posts! Hehe.

É que é complicado explicar e afirmar as coisas sem deixar explícita minha posição. Acho melhor escrever mais do que correr o risco de não ser bem interpretado... ;)

Abração!